22/11/2012 - De 2000 para cá, leishmaniose visceral matou mais que a dengue em nove Estados
Desde que a epidemia de dengue se intensificou no país, há alguns anos, todo mundo ouve o Ministério da Saúde anunciar medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti. Mas pouca gente sabe o que tem sido feito para combater o Lutzomyia longipalpis, espécie de mosquito-palha responsável por uma doença que, de 2000 a 2011, causou mais mortes que a dengue em nove Estados – a leishmaniose visceral.
Também conhecida como calazar, a doença, que antes era limitada a áreas rurais e à Região Nordeste, hoje encontra-se em todo o território e, segundo especialistas ouvidos pelo UOL, está fora de controle. Levantamento feito com base em números do Ministério da Saúde mostra que, nos últimos 11 anos, a leishmaniose provocou 2.609 mortes em todo o país, enquanto a dengue foi responsável por aproximadamente 2.847 mortes (veja quadro abaixo).
O médico Carlos Henrique Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, professor da Universidade Federal do Piauí e autor de vários estudos sobre a leishmaniose visceral, conta que doença era considerada tipicamente rural até 1980. A partir de então, a enfermidade começou a invadir algumas cidades grandes, como Teresina (PI) e São Luís (MA). Em pouco tempo, passou a afetar áreas urbanas de outras regiões, como Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Araçatuba e Bauru (SP), entre outras.
Sudeste
A expansão da doença no Sudeste, região mais populosa do país, preocupa - os dados indicam que o total de casos quase dobrou de 2000 para 2011 (foram 314 e 592, respectivamente). E, o que é mais alarmante, o número de mortes foi quase seis vezes maior: saltou de 9 para 52.
000 A 2011: MORTES POR DENGUE X MORTES POR LEISHMANIOSE VISCERAL
Unidades da Federação - Mortes por dengue - Mortes por leishmaniose visceral
Rondônia 46 1
Acre 20 0
Amazonas 42 0
Roraima 17 6
Pará 116 153
Amapá 13 0
Tocantins 22 173
Maranhão 114 334
Piauí 35 178
Ceará 258 268
Rio Grande do Norte 85 55
Paraíba 21 31
Pernambuco 136 117
Alagoas 73 58
Sergipe 64 53
Bahia 156 280
Minas Gerais 177 445
Espírito Santo 108 6
Rio de Janeiro 566 3
São Paulo 258 168
Paraná 44 5
Santa Catarina - 0
Rio Grande do Sul - 0
Mato Grosso do Sul 65 194
Mato Grosso 132 45
Goiás 262 28
Distrito Federal 17 8
Fonte: Sinan/Ministério da Saúde
Atualizado em 31/01/2012 - dados sujeitos a alteração
Até 2006 as mortes referem-se a UF de residência; a partir de 2007 foram consideradas mortes segundo UF fonte de infecção
A situação mais preocupante é a de Minas, que de 2000 a 2011 registrou 445 mortes pela doença - o número de vítimas da dengue não chega a metade disso.
O vetor já se instalou na periferia de Belo Horizonte, segundo especialistas. “Houve um ‘boom’ de condomínios com grandes jardins e essa terra provavelmente foi trazida de locais com presença do L. longipalpis”, afirma o pesquisador Reginaldo Brazil, do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
Estudos sugerem que a leishmaniose visceral canina precede casos da doença em humanos no Brasil. Se a hipótese for verdadeira, a periferia de São Paulo também corre risco de virar foco, já que há registros de animais contaminados em cidades vizinhas como Campinas e Embu das Artes. Cidades um pouco mais distantes, como Araçatuba, são consideradas endêmicas (casos ocorrem frequentemente na região) há bastante tempo.
Recentemente, um foco importante da leishmaniose também foi encontrado em um canil no cemitério do Caju, na zona norte do Rio de Janeiro. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, todos os animais – ao todo 26 cachorros – foram sacrificados e o ambiente foi dedetizado. “O local vem sendo monitorado constantemente e nenhum outro caso foi notificado até o momento”, informou a pasta.
Adaptação
Uma vez que a espécie de mosquito-palha causadora da leishmaniose visceral acompanhou a migração populacional para o Sudeste, como um mosquito do campo foi capaz de se adaptar tão bem ao ambiente urbano?
Existem várias hipóteses, nenhuma delas comprovada. “Alguns pesquisadores acreditam que se trata de uma população de vetores geneticamente distinta”, diz Costa.
Mas também pode ser que o L. longipalpis seja simplesmente um inseto de fácil adaptação. “É um vetor robusto, que teve capacidade de se adaptar às mudanças do homem”, sugere Brazil.
Inseticida
Os famosos “fumacês” promovidos para combater a dengue não ajudam a combater o mosquito-palha? Infelizmente, não. O pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz explica que o L. longipalpis é mais noturno - aparece depois que o fumacê já passou, e os inseticidas usados para controlar o Aedes não têm efeito residual. “O vetor percebe o cheiro e se esconde”, descreve. Ou seja: o fumacê pode até desalojar o vetor da leishmaniose temporariamente, mas não o elimina.
A substância mais eficaz para o controle do L. longipalpis é o DDT, que também já ajudou muito o Brasil no combate à malária, mas o composto foi banido por causar riscos à saúde e ao meio ambiente.
“Os piretroides, usados atualmente, também são tóxicos para humanos, mas bem menos que o DDT”, diz a biomédica Clara Lúcia Mestriner, professora associada de parasitologia da Universidade Federal de São Paulo.
Os inseticidas disponíveis hoje, no entanto, parecem não ter tanta eficácia contra o vetor, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Além disso, há outras limitações, como a possibilidade de o inseto se tornar resistente.
Material orgânico
Medindo de 2 a 3 milímetros, o L. longipalpis é um inseto que gosta de sombra e material orgânico em decomposição. A destinação incorreta do lixo, tão comum no país, é o chamariz perfeito para o vetor. Mas não é o único foco.
Se é fácil achar o Aedes aegypti, que deposita suas larvas em locais onde há acúmulo de água, a missão é mais ingrata no caso do vetor da leishmaniose, cujas larvas podem estar escondidas na terra, ao lado de um arbusto ou de uma árvore frutífera.
As preferências e a capacidade de adaptação do vetor fazem com que a doença não esteja restrita a áreas de pobreza e sem saneamento, apesar do estigma. Mas essa é a população que continuará a ser a mais prejudicada, já que a doença é mais grave em pessoas com saúde debilitada e baixa nutrição.
http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/11/22/de-2000-para-ca-leishmaniose-visceral-matou-mais-que-a-dengue-em-nove-estados.htm
21/11/2012 - Escorpiões infestam Varginha (MG); 4.000 já foram capturados em cinco meses
De acordo como chefe da Semus, José
Donizeti Souza, a situação não pode ser
considerada alarmante, levando em conta
que no ano passado também houve
infestação de escorpiões. A diferença,
segundo ele, é que em 2012 os bichos
estão sendo capturados e enviados para o
Instituto Butantan, em São Paulo, portanto é
possível contabilizar os aracnídeos.
“Nos anos anteriores o pessoal usava
inseticida, que não matava o escorpião.
Esse inseticida traz risco ambiental porque
mata outros animais. O remédio desaloja o
escorpião, que vai para as casas na
vizinhança. Agora com a captura, eles são
eliminados dos locais”, disse Souza.
Segundo o chefe da Semus, os aracnídeos adoram o cemitério, local onde há grande
quantidade de baratas, que servem de alimento para eles. Equipes da zoonose estão usando
uma nova técnica para recolher esses bichos durante a noite, perto dos túmulos.
Técnicos usam uma luz negra que incide sobre o animal mudando a cor do bicho para verde.
Assim, é mais fácil identificar e capturar com pinças o escorpião. De acordo com Souza,
durante o dia o animal se esconde por causa do sol e calor, mas à noite sai para comer.
Souza informou que o combate ao animal é muito difícil, considerando que o aracnídeo se
reproduz quatro vezes por ano, gerando em média 25 filhotes por geração. Para a equipe da
Semus, a melhor solução é recolher os animais e enviar ao Butantan, onde terão utilidade na
produção de soro antiescorpiônico.
Cuidados
O Serviço de Toxicologia do Hospital João 23, da Fundação Hospitalar de Minas Gerais
(Fhemig), em Belo Horizonte, alerta as vítimas de picadas de escorpiões para que busquem
atendimento imediato e não percam tempo ao se dirigirem para a unidade hospitalar, pois o
veneno pode ser fatal, principalmente em crianças. De acordo com a Fhemig, o período de
maior incidência de picadas ocorre agora, nos meses de setembro e outubro.
Pessoas picadas pelo aracnídeo podem apresentar sintomas como vômito, mal-estar, falta de
ar, agitação, sonolência e prostração. Os casos mais graves evoluem para arritmia cardíaca,
insuficiência respiratória e até mesmo um edema agudo de pulmão.
Para combater o escorpião é importante manter quintais limpos, eliminando entulhos, pedras e
madeiras. Moradores devem ter atenção e sempre balançar roupas e toalhas antes de usar. O
mesmo cuidado deve ser tomado com os calçados. De acordo com a Fhemig, as galinhas e os
sapos são predadores naturais dos escorpiões e podem ajudar na eliminação do aracnídeo.
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12/11/2012 - São Paulo se prepara para aumento de casos de Dengue no ano que vem!! 2013
O número de casos de dengue no Estado de São Paulo deve voltar a subir em 2013, depois de dois anos seguidos de queda. A avaliação é do infectologista Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da Secretaria Estadual da Saúde. A expectativa se dá com base no caráter cíclico da doença, mas o cenário é agravado pela chegada do sorotipo 4 da dengue, que apareceu no Estado no início de 2011 e agora deve aumentar sua circulação.
O governo já começa a planejar medidas preventivas para enfrentar a temporada de chuva e calor. Secretários de saúde dos13 municípios mais vulneráveis à dengue reúnem-se hoje na capital para discutir ações de controle do mosquito transmissor e estratégias emergenciais de tratamento dos infectados.
"Queremos verificar se os municípios necessitam de parceria com o Estado para facilitar a criação de hospitais de campanha e treinar os recursos humanos necessários", diz Boulos.
Para definir quais são os municípios mais vulneráveis, o Centro de Vigilância Epidemiológica e a Superintendência de Controle de Epidemia avaliaram mais de 200 cidades, onde inspecionaram cerca de 200 mil imóveis para checar o índice de infestação predial por Aedes aegypti.
Aquelas com mais de 60 mil habitantes que apresentaram índice de infestação maior que 1% - considerado preocupante no caso do mosquito transmissor da dengue - foram selecionadas para o encontro. O índice refere-se ao porcentual das amostras em que foram achadas larvas do mosquito. No topo da lista estão Guarujá, Araçatuba e Bauru.
Recipientes móveis, como garrafas, frascos, vasos de plantas e fontes ornamentais, são os depósitos mais comuns de larvas de Aedes aegypti, correspondendo a 45,5% do total encontrado pelo levantamento. Depósitos fixos, como tanques, calhas, lajes, piscinas não tratadas e ralos, respondem por 22% do total. Ferros velhos, entulhos e outros tipos de lixo representam 14,6%.
Boulos explica que, na dinâmica da dengue, as epidemias mais intensas se repetem a cada três ou quatro anos. "Em 2010, tivemos uma grande epidemia e agora estamos com índice de infestação parecido com o verificado em 2009, portanto a situação pode se repetir em 2013." Os primeiros casos da temporada podem aparecer já em dezembro, mas a preocupação maior é com os meses de fevereiro, março e abril.
"É uma situação que reúne muito calor, muita chuva e Aedes aegypti demais. Para nós, seria bom se chegássemos a essa época com pouca infestação por Aedes, mas não é o caso", diz.
Novo risco. O problema do sorotipo 4 é que, como sua circulação é recente, a maioria da população ainda está vulnerável a ele. Além disso, pacientes que já tiveram dengue de outros tipos e são infectados pelo sorotipo 4 podem apresentar formas mais graves da doença, como a febre hemorrágica.
O infectologista lembra da importância da população no combate à doença. As recomendações de não deixar água parada em vasos, garrafas e pneus devem ser seguidas sempre. "A dengue não respeita classe econômica, pode acontecer em qualquer lugar. Pessoas que cuidarem de suas casas e fizerem uma comunhão com seus vizinhos não terão a larva", diz.
Neste ano, foram notificados em São Paulo 20.821 casos de dengue autóctone até outubro, que causaram 12 mortes. Levantamento da secretaria estadual mostra que 31% dos casos deste ano concentraram-se no Vale do Paraíba e no Litoral Norte.
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