A febre da mordedura do rato é uma infecção causada por uma das duas bactérias diferentes que podem ser transmitidas através de uma mordedura de roedor.
Até 10 % das mordeduras de rato causam esta afecção. Trata-se principalmente de uma doença própria dos habitantes de zonas desfavorecidas, de pessoas sem abrigo e do pessoal dos laboratórios biomédicos.
O Streptobacillus moniliformis, uma bactéria que habita a boca e a garganta dos ratos saudáveis, é a causa mais frequente da febre da mordedura do rato em alguns países. Não se trata de uma espiroqueta. Os surtos de infecção têm sido relacionados com indivíduos que bebem leite não pasteurizado e contaminado; quando a bactéria se transmite dessa forma, a doença recebe o nome de febre de Haverhill. Contudo, geralmente a infecção é a consequência da mordedura por um rato da cidade ou do campo. Em certos casos, a infecção transmite-se por intermédio de doninhas e outros roedores.
A ferida inicial costuma sarar rapidamente. No entanto, entre 1 e 22 dias depois da mordedura (em regra menos de 10 dias), surgem repentinamente arrepios, febre, vómitos, dor de cabeça e dores nas costas e articulações. Aos três dias aparece uma erupção cutânea de pequenos pontos vermelhos nas mãos e nos pés. Uma semana depois muitos doentes apresentam tumefacção das articulações e dor, que podem persistir vários dias ou meses se não for aplicado um tratamento. Entre as complicações, raras mas graves, desta doença encontram-se a infecção das válvulas cardíacas e o aparecimento de abcessos no cérebro e outros tecidos. O médico estabelece o diagnóstico identificando o crescimento das bactérias em culturas, efectuadas a partir de uma amostra de sangue ou de líquido das articulações. O tratamento consiste em penicilina administrada por via oral ou endovenosa; pode, contudo, substituir-se por eritromicina nos doentes alérgicos à penicilina.
Outra variedade de febre da mordedura do rato (chamada soduku) é causada pela espiroqueta Spirillum minus. Esta infecção é frequente na Ásia. Também se contrai através da mordedura de rato ou ocasionalmente de outro roedor. A ferida costuma sarar rapidamente, mas a inflamação volta entre 4 e 28 dias depois da mordedura (geralmente mais de 10 dias). A inflamação acompanha-se de febre intermitente e de tumefacção dos gânglios linfáticos da zona afectada. Às vezes surge uma erupção cutânea de cor vermelha. Outros sintomas incluem mal-estar, dor de cabeça e fadiga durante os episódios de febre. Se não for administrado qualquer tratamento, a febre costuma reaparecer todos os 2 a 4 dias durante um máximo de 8 semanas e, por vezes, durante um ano.
O médico estabelece o diagnóstico identificando as bactérias numa amostra de sangue. Isso também pode ser feito a partir de uma amostra de tecido da erupção cutânea ou de um gânglio linfático. O tratamento de uma pessoa com este tipo de febre por mordedura de rato é habitualmente feito com penicilina administrada por via oral ou endovenosa; aos indivíduos alérgicos à penicilina dá-se tetraciclina.
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