Linha Saúde Pública - Doenças/Vetores
Febre Maculosa - Carrapato Estrela
Febre Maculosa - Carrapato Estrela

Resumo
A Febre Maculosa brasileira (FMB) é uma zoonose, transmitida ao homem e animais, por diferentes espécies de carrapatos com um período de incubação em humanos pode ser de 2 a 14 dias. A doença tem um começo súbito, com febre de moderada a alta, que dura geralmente de 2 a 3 semanas e é acompanhada de cefaléia, calafrios e congestão das conjuntivas. Em áreas infectadas, uma primeira medida preventiva é a retirada, o quanto mais rápido possível, pela pessoa dos carrapatos em seu corpo. Desta maneira será menor o risco se de contrair a doença .
Epidemiologia
A Febre Maculosa Brasileira (FMB) é uma zoonose, transmitida ao homem e animais, por diferentes espécies de carrapatos do gênero Amblyoma. Para o A. cajennense a transmissão para o homem é feita principalmente pelos estádios de ninfa e larva, enquanto que o estádio adulto raramente é relacionado à transmissão. Para o A. aureolatum a transmissão para o homem é feita exclusivamente pelo estágio adulto, sendo que as larvas e ninfas são parasitas exclusivos de animais silvestres. Todos os carrapatos da família Ixodidae passam por quatro estágios em seus ciclos de vida: ovo, larva, ninfa e adulto. Espécies da família Argasidae se diferenciam por apresentarem de dois a oito estágios ninfais, ao passo que espécies da família Ixodidae apresentam apenas um estágio ninfal. À exceção dos ovos, todos os estágios precisam parasitar um hospedeiro para dar seqüência ao ciclo.
Vetores
Os únicos vetores conhecidos da Febre Maculosa Brasileira são os carrapatos do gênero Amblyomma, principalmente as espécies A. cajennense e A. aureolatum. Para ambas as espécies de carrapatos, a perpetuação da bactéria R. rickettsii é feita por transmissão transovariana e perpetuação transestagial, sendo que o carrapato é o único reservatório conhecido da bactéria na natureza. Os hospedeiros vertebrados dos carrapatos desempenham o importante papel de amplificadores horizontais da bactéria na população de carrapatos. Uma vez que um carrapato infectado se alimenta em um animal suscetível, este desenvolve riquetsemia sistêmica e se torna fonte de infecção para os carrapatos livres da bactéria, que se alimentem neste animal durante este período. O período de riquetsemia para os animais que participam como hospedeiros para os vetores da Febre Maculosa Brasileira é controverso. Poucos estudos foram realizados até agora e indicam que animais como capivaras e gamb ás podem desenvolver períodos riquetsêmicos pouco mais longos do que 10 dias.
Não existe uma fase contagiosa da doença. O carrapato é o único vetor conhecido e, quando infectado, alberga a bactéria durante toda sua vida.
Agente Etiológico
A doença é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii. Bactérias do gênero Rickettsia são pequenos cocobacilos ( 0,1 a 0,3 µm), obrigatoriamente intracelulares, os quais estão divididos, através de caracteres moleculares e antigênicos, em três grupos: o grupo do Tifo (GT), o grupo da Febre Maculosa (GFM) e o grupo ancestral. O GT inclui apenas as espécies Rickettsia prowazekii e Rickettsia typhi, ambas patogênicas para humanos, causadoras do tifo epidêmico e tifo endêmico, respectivamente Além do Brasil, R. rickettsii ocorre endemicamente nos Estados Unidos (onde a doença em humanos recebe o nome de Febre Maculosa das montanhas rochosas), no México (febre manchada), Colômbia (febre de Tobia), Costa Rica e Panamá (Bustamente e Varela 1947, Dias e Martins 1939, Fuentes 1986, Patino et al. 1937, Philip et al. 1978, Rodaniche 1953). Nos Estados Unidos, R. rickettsii é transmitida a humanos por carrapatos do gênero Dermacentor. Nos demais países, incluindo o Brasil, a bactéria é transmitida primariamente por carrapatos do gênero Amblyomma (McDade e NewHouse, 1986).
Diagnóstico
O Diagnóstico diferencial - Informes Técnicos I e II (mais informações).
O diagnóstico diferencial deve ser observado para Dengue, Doença Meningocócica, Hantavirose e Leptospirose.
Diagnóstico laboratorial - Informes Técnicos I e II (mais informações).
Não existem exames de rotina oferecidos para os doentes na fase prodrômica. A confirmação laboratorial é feita após a fase mórbida, por diagnóstico sorológico. É fundamental que uma amostra de soro seja colhida no início dos sintomas e outra após 30 dias. Ambas são processadas pela técnica da reação de imunofluorescência indireta (RIFI) para antígenos da bactéria R. rickettsii. O título mínimo para que uma amostra seja considerada positiva é de 64 (diluição 1:64 do soro) e a soroconversão de, pelo menos, quatro vezes o título da primeira amostra deve ser observada na segunda amostra para que o diagnóstico de quadro mórbido de Febre Maculosa seja positivo. Do contrário, é considerado apenas suspeito.
O diagnóstico de óbito é feito através da técnica de imunoistoquímica direta ou técnica da reação em cadeia pela polimerase (PCR).
Sintomas
O período de incubação em humanos pode ser de 2 a 14 dias. A letalidade da doença, quando não tratada, é maior do que 80%. O cão quando infectado desenvolve uma forma branda da doença, que geralmente evolui para cura. O cavalo parece ser refratário, embora não haja estudos que mostrem este aspecto.
A doença tem um começo súbito, com febre de moderada a alta, que dura geralmente de 2 a 3 semanas e é acompanhada de cefaléia, calafrios e congestão das conjuntivas. Ao terceiro ou quarto dia, pode apresentar exantema maculopapular róseo, nas extremidades, em torno do punho e tornozelo, de onde irradia para o tronco, face, pescoço, palmas e solas. São freqüentes petéquias e hemorragias. A doença pode também cursar assintomática ou com sintomas frustros. Alguns casos evoluem gravemente, ocorrendo necrose nas áreas de sufusões hemorrágicas, em decorrência de vasculite generalizada. Alguns problemas como torpor, agitação psicomotora e sinais meníngeos são freqüentes. A face é congesta e infiltrada, com edema peripalpebral e infecção conjuntival. O edema aparece também nas pernas, que se apresentam brilhantes. Outros sinto mas comuns são: tosse, hipotensão arterial e hipercitose liquórica e observa-se hepatoesplenomegalia pouco acentuada. A morte é pouco comum, quando se aplica o tratamento precocemente.
Profilaxia
Medidas Preventivas Individuais
É sabido que, uma vez fixado ao hospedeiro, um carrapato infectado leva o mínimo de seis horas para transmitir a riquétsia. Sendo assim, quanto mais rápido uma pessoa retirar os carrapatos de seu corpo, menor será o risco de contrair a doença. Quando uma pessoa é atacada por poucos carrapatos, torna-se relativamente mais fácil e prático retirar todos estes carrapatos num curto espaço de tempo. Por outro lado, quando uma pessoa é atacada por uma alta carga de carrapatos, dificilmente ela consegue retirar todos nas primeiras horas, passando alguns despercebidos por várias horas, ou até mesmo alguns dias. Diante de tais fatos, é obvio dizer que, quanto maior a população de carrapatos em uma área endêmica para Febre Maculosa, maior é o risco de se contrair a doença. Como não existem vacinas para serem utilizadas em humanos, como medidas profiláticas da Febre Maculosa, a medida preventiva mais eficaz é o controle das populações de carrapatos a níveis mínimos, reduzindo substancialmente os riscos de infestação humana.
Ao adentrar em áreas com vegetação e presença de animais, seguir as orientações abaixo:
a) Usar macacão ou calça e camisa de mangas longas, de cor clara, com a parte inferior dentro das meias para facilitar a visualização de carrapatos. Pode ser utilizada fita adesiva prendendo a meia à calça ou ao macacão e com a parte colante para fora, para aderência e visualização de carrapatos.Após a utilização, todas as peças de roupas devem ser colocadas em água fervente para a retirada dos carrapatos.
b) Evitar caminhar, sentar ou deitar em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos.
c) Vistoriar o corpo minuciosamente, a cada 2 ou 3 horas. Prestar atenção na forma jovem do carrapato (micuim), que apresenta tamanho bastante reduzido e por isso, de difícil visualização.
d) Tomar banho quente utilizando bucha vegetal.
e) No caso de encontrar carrapato fixado à pele, observar:
• Não espremê-lo com as unhas, para não se contaminar;
• Não encostar objetos aquecidos (fósforo, cigarro) ou agulhas;
• Retirá-lo com calma, através de leves torções, com auxílio de uma pinça.
A Organização Mundial de Saúde (1997) refere que repelentes para carrapatos não são comumente aplicados sobre a pele e sugere para prevenir ataques de carrapatos e, para proteção mais duradoura, a impregnação de roupas com PERMETHRIN a 0,65-1g de ingrediente ativo/m2 como o melhor produto, mas DEET e BUTOPYRONOXYL como sendo também efetivos. No Brasil, não se tem conhecimento sobre a eficácia da utilização de repelentes para carrapatos.
Controle
A) Recomendações para o controle no ambiente
Controle Mecânico: Roçagem do pasto, rente ao solo. Preconiza-se o uso de roçadeiras mecânicas nos meses de verão.
Controle Químico: O controle químico no ambiente não é recomendado, pois as tentativas feitas não trouxeram resultados satisfatórios na redução da densidade de carrapatos e causaram forte impacto no meio ambiente.
Este tipo de controle só é r ecomendado em situações de peridomicílio (muros e paredes) infestado, devido ao parasitismo de animais domésticos.
EQUINOS
Controle químico: deve concentrar-se no primeiro ano, de abril a outubro, quando predominam as fases de larvas e ninfas que são mais susceptíveis aos carrapaticidas. No segundo ano os tratamentos carrapaticidas poderão ser concentrados somente na época de predomínio de larvas, de abril a julho, isso se o Programa foi bem conduzido no primeiro ano, o que deve ter contribuído para a redução da população de carrapatos.
Controle mecânico: deve concentrar-se de outubro a março, quando predominam os carrapatos adultos. Recomenda-se a remoção manual de fêmeas ingurgitadas.
Obs.: Tanto o controle químico como a remoção manual, devem ser realizados com periodicidade semanal.
BOVINOS
O controle é indicado somente para áreas com presença destes, juntamente com eqüinos e/ou capivaras, utilizando-se o mesmo esquema de tratamento dos eqüinos, com a possibilidade do uso de produtos de aplicação pour-on.
CÃES
• Aplicação de banhos carrapaticidas, a cada 7 ou 14 dias;
• Aplicações mensais de produtos de longa duração, na formulação pour-on;
• Uso de coleiras carrapaticidas.
Obs.: A duração destas recomendações deve ser mantida até que o controle dos carrapatos seja satisfatório.
ANIMAIS SILVESTRES:
Ações e estratégias de manejo desses animais são discutidas junto ao IBAMA, de acordo com a situação encontrada.

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